Ramayana – a história de Rama, aquele que protege o dharma.

धर्मो रक्षति रक्षितः ।

dharmo rakṣati rakṣitaḥ |

“O Dharma protege aquele que protege o Dharma”

Ramayana, junto com Mahabharata, são as histórias mais conhecidas da Índia. Conta a história de Rama, uma encarnação de Vishnu. Rama é um avatara, ou seja, um ser que ‘desce’ ao nosso mundo para reestabelecer o dharma. Sempre o dharma perde as forças e o adharma se sobrepõe ao dharma, um avatara vem até nós com este objetivo. 

Krsna também nasce entre nós para proteger o dharma, como é contado na história Mahabharata. 

A história de Rama é extensa e muito bonita. Compartilho aqui um resumo dos sete capítulos, da forma como a tradutora Eleonora Meier escreve em seu livro: 

O poema está dividido em sete livros (Kandas) de extensão desigual, que podem ser resumidos muito brevemente como segue: 

Livro I. (Bala-Kanda). O rei Dasaratha de Ayodhya, realiza um sacrifício na esperança de obter um filho. Nessa época os Devas estão alarmados com o poder adquirido pelo poderoso asura chamado Ravana, que, pela prática de magia tinha conquistado quase todo o mundo conhecido. A prece do rei Dasaratha é respondida e suas três esposas têm quatro filhos, Rama, Bharata e os gêmeos Lakshmana e Shatrughna, que são todos encarnações parciais de Shri Vishnu. Vishnu, no entanto, se manifesta mais plenamente em Shri Rama do que nos outros irmãos. Os meninos crescem e Shri Rama ganha, como sua noiva, Sita, a filha do rei Janaka do reino vizinho de Videha.

Livro II. (Ayodhya Kanda). O rei Dasaratha tenciona proclamar Shri Rama herdeiro presuntivo, mas o ciúme da sua segunda rainha, Kaikeyi, é despertado, e ela segura o rei a uma promessa feita anteriormente, que ele iria lhe conceder duas bênçãos. As bênçãos que ela agora assegura são o banimento de Shri Rama para a floresta por quatorze anos, e a instalação do seu próprio filho Bharata como Yuvaraja. De acordo com a lei da justiça (dharma) um voto deve ser honrado, e Shri Rama aceita calmamente a sentença de exílio. Ele viaja para o sul para Chittrakuta na Floresta de Dandaka com sua esposa Sita e seu irmão Lakshmana. O rei Dasaratha morre de tristeza e Bharata implora a Shri Rama para voltar ao trono, mas o último adere firmemente à defesa do honra de seu pai e ao cumprimento de seu voto. 

Livro III. (Aranya Kanda). Depois de cerca de dez anos na floresta com seu marido, a princesa Sita é raptada pelo asura Ravana, e levada por ele até sua capital, Lanka. 

Livro IV. (Kishkindha Kanda). Rama e Lakshmana em busca de Ravana e para resgatar Sita conseguem a ajuda do rei Sugriva, líder da tribo de macacos, cujo ministro-chefe Hanuman se torna o principal devoto e servo de Shri Rama. Ajuda também vem de Vibishana, irmão de Ravana, que desaprovava abertamente a conduta do rei asura, e o avisou do castigo que ele podia esperar pelas ações injustas. 

Livro V. (Sundara-Kanda). Os exércitos de macacos chegam à costa sul da Índia, e, construindo uma ponte entre os estreitos, ganham a entrada em Lanka. 

Livro VI. (Lanka-Kanda). Depois de uma série de batalhas campais, Lanka é capturada e Ravana é morto por Shri Rama. Sita demonstra sua pureza e fidelidade a seu marido, por submeter-se com sucesso à prova de fogo. O período de exílio de quatorze anos está agora concluído, e Shri Rama retorna com sua consorte, seus irmãos e aliados, para a capital Ayodhya, onde ele começa um reinado longo e glorioso. 

Livro VII. (Uttara-Kanda). Esta ‘seção posterior’, ou epílogo, descreve as dúvidas levantadas nas mentes dos cidadãos relativas à pureza de Sita, e como eles obrigaram Shri Rama a mandá-la para eremitério de Valmiki na floresta, onde ela dá à luz filhos gêmeos, Kusha e Lava. Quando esses meninos crescem, eles retornam para Ayodhya e são reconhecidos por Shri Rama, que posteriormente traz Sita de volta para compartilhar do governo do reino com ele. 

Essa em resumo é a história do Ramayana… Ele não é só poesia de poder dramático e brilho insuperáveis, ele é um tesouro de informações sobre a retórica, medicina, geologia, botânica, geografia e todas as facetas da civilização antiga, pelas quais estudiosos eruditos podem se interessar. Para todo hindu, Shri Rama e Sita são o homem e a mulher ideais, o modelo de marido e mulher. Shri Rama é uma encarnação de Deus, o Princípio Onipenetrante da Verdade e Inteligência, e qual padrão mais alto para a própria vida poderia ser escolhido do que este homem de virtude perfeita, um amante da verdade, compassivo, justo, benevolente, valoroso e cavalheiresco? A história também pode ser tomada como uma alegoria. 

Simbolicamente Rama e Ravana representam as forças da luz e das trevas operando no coração humano, assim como no mundo. Veracidade, benevolência, piedade, e justiça são as forças da Luz que são combatidas pela ganância, luxúria, amor ao prazer e poder, raiva e egoísmo. O verdadeiro triunfo do homem significa conquistar as forças das trevas. 

Na Índia é celebrado um festival a cada ano no dia tradicionalmente considerado o dia em que o asura Ravana morreu e o governo da tirania, injustiça, selvageria e iniquidade terminou.

Este ano, iremos fazer alguns sadhanas para Rama: likhita japa, japa de um mantra ou nome de Rama e puja mensal para Rama, que será no dia 10 de abril, dia de Rama. 

Em breve postarei explicações sobre o sadhana. 

Hari Om! 

Om. Tat. Sat. 

Juliana Campesi

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