Examinando a experiência de felicidade

O que acontece quando você esta feliz? Qual é o estado da mente quando você esta feliz?

Se você analisar os momentos de felicidade, onde você está em contato com aquilo que você gosta, vai perceber que nestes momentos a sua mente não exige nada.

Swami Dayananda

Na próxima experiência de felicidade que você tiver, observe que quando você está feliz, você está satisfeito e à vontade. Isto acontece naturalmente, na presença de um objeto que você goste ou no momento em que você realiza um desejo. Então, existiu um desejo, que foi realizado. Nesse momento a mente não exige mais nada, ela se aquieta e fica satisfeita, momentaneamente. 

E por que gostamos tanto deste estado? Os Vedas dizem que gostamos deste estado porque ele reflete a nossa verdadeira natureza. Por isso qualquer objeto que me traga felicidade, se torna desejado por mim. 

Quanto aos objetos que deixam minha mente ansiosa, exigente e agitada, esses são indesejados por mim. E são indesejados pois não consigo sentir a experiência da felicidade na presença deles. 

Mas, com um olhar objetivo, vemos que os objetos em si não possuem um selo de ‘gosto’ ou ‘aversão’. É a minha mente que, com seus samskāras, coloca um ‘selo’ de ‘agradável’ ou ‘desagradável’ a tudo o que existe neste universo. 

Segundo os Vedas, a nossa verdadeira natureza é ananda, a felicidade. Veja, nós gostamos da felicidade pois buscamos por ela de maneiras diferentes. E detestamos a tristeza, pois procuramos evitá-la a todo momento. 

Swami Dayananda diz que se estamos confortáveis quando estamos felizes é porque a felicidade é algo natural. A tristeza acontece quando algo que foge ao natural acontece. Por exemplo, se cai um cisco no meu olho, eu fico incomodada e quero tirar aquele cisco. Da mesma maneira a tristeza não é natural e por isso quero me livrar dela. De fato nunca queremos nos livrar da felicidade e por isso ela deve ser natural. 

Se a felicidade é a nossa verdadeira natureza, por que não conseguimos sentir esta felicidade o tempo todo? 

Isso acontece pois a nossa natureza esta encoberta pela ignorância de quem somos realmente. A ignorância encobre a nossa visão e nos faz acreditar que somos este corpo-mente-sentidos.

Somente o conhecimento nos liberta da ignorância, portanto devemos buscar pelo conhecimento do Eu e este deve ser nosso sādhana principal.

Para adquirir este conhecimento existe um meio, chamado Vedānta. Vedānta é um śabda pramāṇa, ou seja, um meio de conhecimento através das palavras. E o ‘Eu’ é aquele que é revelado pelas Upaniṣads.

Mas como as Upaniṣads podem revelar o ‘Eu’? Mudando minha visão sobre mim mesmo, a minha identificação com o corpo-mente-intelecto. 

“O EU deve ser visto por você, isto é, deve ser conhecido tão claramente como quando você vê um objeto”. Ver aqui, significa conhecer claramente, sem dúvida alguma. Para isso, o tripé de Vedanta:

1º ouça sobre o EU (através do estudo sistemático das Upaniṣads e da Bhagavad Gītā)

2º questione, analise e reflita sobre o EU

3º medite, assimilando o conhecimento. 

O PREPARO DA MENTE

Para este estudo é necessário uma mente preparada, capacitada. Sem um preparo, as palavras dos śāstrams não criarão nenhuma impressão na sua mente, porque ela não está pronta para ver o seu significado.

Uma vida de Karma Yoga que inclui a meditação torna a nossa mente objetiva e gerenciável por nós, ou seja, capacitada para o entendimento do EU. 

Om.Tat.Sat. 

Texto: Juliana Campesi

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