Auto estima

A auto estima é uma avaliação sobre si mesmo, em que se mesclam características positivas e negativas, que formam a imagem que uma pessoa tem de si mesma.

Todos nós possuímos uma quantidade de pontos positivos, coisas que nos fazem sentir bem com a nossa própria imagem, com aquilo que somos em cada momento da vida. Mas, também carregamos pontos negativos, aqueles que, quando observados por nós mesmos, nos faz sentir menores do que realmente somos, e que faz nascer a vontade de ser uma pessoa perfeita.

Se você parar para se analisar agora, com certeza irá detectar seus pontos positivos e negativos, o que faz com que você se considere uma pessoa com uma boa auto-estima, ou com baixa auto-estima.

Quando pensamos sobre a auto-estima, principalmente sobre a baixa-auto estima, em um primeiro momento, acreditamos ser um problema que não afeta todo tipo de pessoa.

Por que uma pessoa rica, bonita e saudável teria problemas com sua auto- estima? Parece ser algo sem sentido pensar que esse tipo de pessoa possa ter a sua auto-estima ‘ferida’, e se sentir inferior a alguém, afinal, ela possui todas as qualidades desejáveis pelos seres humanos.

Mas, talvez essa ideia não seja verdadeira. Talvez exista algo que faça com que esse tipo de pessoa aparentemente perfeita, também sinta sua auto-estima pequena de alguma forma.

Imagine que você vá para a Índia e experimente um Gulab Jamun. Gulab Jamun é um doce indiano muito gostoso, feito com uma calda com água de rosas e cardamomo. E lá você prova um Gulab Jamun feito da maneira tradicional, com o leite das vaquinhas do Ashram do Guruji, e que simplesmente deixa você fascinado.

E voltando ao Brasil, uma amiga te convida para visitá-la, e chegando lá te oferece um Gulab Jamun feito por ela.

Você experimenta e diz: ‘hmmm, está muito bom!’ Mas você pensa: ‘não é igual ao indiano!’

Você pensa desta forma porque você tem uma medida máxima sobre aquele doce, afinal você experimentou o melhor doce indiano na Índia. Então, tendo essa medida máxima, todo o resto se torna inferior.

Da mesma forma, todo ser humano tem como medida máxima ser um ser livre de limitações (atma). Mesmo não tendo alcançado a liberação e o entendimento sobre quem somos realmente, essa medida existe dentro de cada um, porque é o que somos realmente. E, por termos essa medida máxima de nós mesmos, nunca aceitaremos a sensação de sermos inferiores a algo.

É por isso que se busca a perfeição do corpo físico, através de exercícios (muitas vezes exagerados), cirurgias plásticas, dietas abusivas… na tentativa de se ter um corpo perfeito.

Busca-se beleza, riqueza, poder, fama, na tentativa de criar uma imagem de si mesmo que te faça sentir completude e a sensação de possuir tudo o que se pode desejar em uma vida e então, alcançar a felicidade.

E isso acontece com todo ser humano, em algum momento da vida.

Uma pessoa perfeita fisicamente, com uma beleza invejável, irá envelhecer e perder o status da ‘perfeição’. E mesmo quando jovem, essa pessoa irá ver outras pessoas mais bonitas do que ela, possuindo algo que ela admire, o que então, a fará se sentir inferior. Outra pessoa, por exemplo, que possui dinheiro para realizar todos os seus desejos, em muitos momentos irá olhar para o outro, que possui aquilo que ele não conseguiu possuir.

Muitas pessoas dirão a eles: ‘mas vocês têm muita sorte por serem como são, vocês já têm tanto, olhem abaixo de vocês e vejam como existem pessoas inferiores!’

Mas o fato é que ninguém consegue olhar para baixo o tempo todo. A tendência do ser humano é sempre desejar mais e mais, na tentativa de um dia alcançar a perfeição.

Então a medida máxima é sempre aonde o outro conseguiu chegar, e eu não cheguei, mas gostaria de estar agora! E é assim que o sentimento de inferioridade brota nos corações de todas as pessoas.

O ponto principal é o ‘Gulab Jamun indiano’, aquela medida máxima que você possui de você mesmo.

Isso é o que os Vedas dizem sobre a carência que existe em todas as pessoas. E também dão a solução para esse problema: o autoconhecimento.

Somente tendo entendimento sobre quem você é realmente, e experienciando isso através da meditação profunda, é que iremos preencher nossos corações. Somente esse conhecimento nos libertará do sofrimento e da sensação de sermos pequenos, de sermos aquilo que não somos.

Se sua auto-estima está baixa, (porque você gostaria de ter beleza física, mais dinheiro, fama e ouvir elogios) ou se o que você possui agora é motivo do seu orgulho (seja a sua beleza, uma família tradicional, dinheiro, fama…) saiba que o tempo fará com que tudo isso desapareça. O mundo material é mutável. De repente, o objeto da sua tristeza ou de seu orgulho irá embora. Todas essas coisas são MAYA. Entenda que todas essas coisas passam e não te constituem.

Finalizo com um verso de Shankara, em Bhaja Govindam (Moha Mudgara):

ma kuru dhanajanayauvanagarvam, harati nimesatkalah sarvam |

mayamayamidamakhilam buddhva brahmapadam tvam pravisa viditva || 11||

‘Não tenha orgulho de suas possessões, das pessoas (sob seu comando), de sua juventude. O tempo carrega isto num instante. Depois de conhecer a natureza ilusória de tudo isto, tendo conhecido o “estado de ser Brahman”, entre (nele).’

Om.Tat.Sat.

Juliana Campesi

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