YOGA SUTRA DE PATANJALI – PARTE 9 – ISHVARA

Namaste! Aqui abordaremos os sutras I.24 a I.29, com explicações sobre Ishvara, citado no sutra anterior.

I.24 klesakarmavipakasayairaparamrstah purusavisesa isvarah

Isvara é um ser diferente do indivíduo, totalmente livre de sofrimento, de ação, de resultado de ação e de um reservatório de impressões do passado. (Gloriaji)


No sutra anterior, Patanjali diz que um outro meio de alcançarmos o estado de samadhi é através da entrega à Ishvara, que pode ser traduzido como Deus, ou o Todo e a causa de tudo.
Ishvara é a causa do universo e também o efeito. Isvara é o universo todo, todas as manifestações são Isvara. Ele é perfeito conhecedor de si mesmo, livre da ignorância, e do ciclo de samsara (nascimento e morte).
Ishvara é o criador e mantenedor de tudo o que existe. Ele é Brahmam. Não existe nada separado ou diferente dele. Ele é tudo o que existe.

Quando o yogi  compreende a natureza de Ishvara, naturalmente se entrega (a entrega é chamada também de Bhakti) à ele. Se entregar à Ishvara é apreciar essa criação em todas as suas formas. É sentir gratidão pela oportunidade de estar vivo e por ter discernimento para o autoconhecimento. 
Os Vedas também dizem que o funcionamento do universo, assim como a forma como ele é mantido, está sob o comando de uma ordem maior, ou seja, o comando de Ishvara.


I. 25 tatra niratisayam sarvajnabijam
Nele há a incomparável semente de todo o conhecimento. (Glória Arieira)

Ishvara carrega em si a semente de toda a sabedoria, de todo o conhecimento existente. Em Ishvara estão contidos todos os conhecimentos e pensamentos. Como disse Gloria Arieira em sua obra ‘O Yoga que conduz à plenitude’, “Ishvara é a mente cósmica”.

I.26 sa purvesamapi guruh kalenanavacchedat 
Ele é também o primeiro guru (o instrutor dos antigos), pois não é sujeito à limitações do tempo.

Ishvara é o supremo senhor. Nele existe todo o conhecimento, então ele é considerado o primeiro guru. Foi ele quem deu conhecimento mesmo aos mais antigos. 

I.27 tasya vacakah pranavah 
Seu nome é Om. (Gloria Arieira)

Vacaka siginifica ‘nome‘ ou ‘designação‘ em sânscrito.Mas não é utilizado para qualquer nome, e sim, um nome significativo, que possui um relacionamento com a Entidade designada. Om é considerado o mais poderoso e sagrado vacaka. 
Pranava é Om. A definição de Om está nas Upanishad e em algumas obras dos grandes Gurus.

“O verbo, Om, é o princípio da Criação. A manifestação da Força Onipotente é a vibração que se apresenta como um som peculiar: Om.” (Sri Yukteswar – A Ciência do Yoga)

I.28 tajjapastadarthabhavanam
A sua repetição deve ser feita com a apreciação do seu significado

Japa é repetição em sânscrito. Patanjali diz que uma das maneiras de entender e se entregar a Ishvara é através da repetição do seu nome como Om. Mas para total compreensão, devemos meditar em Om. 

“Meditar no Pranava, o som divino de Om, é o único caminho para Brahman, a salvação.” (Sri Yukteswar Giri, em A Ciência Sagrada)

A meditação de Om é ensinada por algumas linhas de Yoga e uma delas é a de Paramahansa Yogananda, nosso guru, e discípulo direto de Swami Sri Yukteswar Giri. 
Devemos praticar a repetição do mantra Om com entendimento e reverência, afinal ele é sagrado. Com a prática e repetição disciplinada, persistente e com intensa vontade, conseguimos nos conectar com essa vibração e ouvi-la, tal como ela é. Nesse momento somos abençoados. 

“Sendo batizado no rio sagrado do Pranava (a vibração sagrada de Om), ele compreende o Reino de Isvara” (Sri Yukteswar Giri – A Ciência Sagrada)

” Graças ao efeito sagrado do mantra, o Pranava ou som de Om torna-se audível. 
O som sagrado é ouvido de várias maneiras, de acordo com o estado de adiantamento do devoto (ao purificar seu coração)” (Sri Yukteswar Giri – A Ciência Sagrada)

Esse som sagrado, manifesta-se espontaneamente mediante o cultivo da fé e do amor natural do coração.

Essa foi uma breve explicação sobre Ishvara.

I.29 tatah pratyakcetanadhigamo’ pyantarayabhavasca 
Disso advem a ausência de obstáculos e também a aquisição da mente meditativa. (Gloriaji)


Considerando o sutra imediatamente anterior, entendemos que da repetição de Om, da forma como foi dito por Patanjali, resulta no desaparecimento dos obstáculos e o praticante consegue adquirir o poder de direcionar a consciência para dentro dele (pratyak cetana)

Existem dois tipos de consciência de naturezas opostas: pratyak (voltada para o interior) e paranga (voltada para o exterior). 

O ser humano comum vive com a consciência voltada para o exterior. Viksepa é a situação de distração da mente, na qual ela constantemente escapa em todas as direções, para fora do centro.
Uma mente em vikshepa, ou seja, uma mente distraída, está estabelecida em paranga cetana, voltada para o externo.


Através da meditação em Pranava, o praticante vai ‘desligando as antenas externas’ e ‘ligando as internas’. Este é um dos resultados de japa em Om.
Através da meditação em pranava, a agitação da mente é diminuída, e a mente torna-se meditativa.


Além deste resultado, Patanjali nos apresenta mais um, o do desaparecimento dos obstáculos que estão no caminho do yogi. Tais obstáculos são citados no próximo sutra, I.30.


Om Tat Sat
Ju Campesi

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